A desclassificação precoce da seleção brasileira feminina nesta Copa do Mundo traz algumas reflexões. Acima de tudo é preciso evitar reações precipitadas e emocionais, do tipo “terra arrasada”. Pelo contrário, talvez as lições deste fracasso sejam o caminho para um sucesso nos Jogos Olímpicos, já tão próximos.
Indo por partes;
- O futebol feminino evoluiu muito, e isto é bom prá todo mundo. A zebra passeia pela Copa, e mostra que a velha frase “não tem mais bobo no futebol” se aplica agora também ao feminino;
- O Brasil também evoluiu, e os resultados obtidos contra Alemanha e Inglaterra antes da Copa são um claro indicativo disto. Prá mim o que pesou na Copa foi o fator emocional (ver adiante);
- O oba-oba e, pior que isto, o ambiente de lacração delirante criado pelos meios de comunicação, pesou nos ombros das nossas guerreiras, quase todas de origem humilde e muito pouco acostumadas ao tratamento de celebridades que receberam de uma hora para outra. Debates inúteis como comparar salários com os dos homens tiraram o foco do time, que deveria ser futebol. Ai, a carruagem virou abóbora. Sem surpresas.
- Sobre Marta; ela é uma celebridade, e já sabe se virar com isto. Só que foi convocada mais como celebridade do que pela parte técnica (mais ou menos como aconteceu com Cristiano Ronaldo na Copa masculina). Prova disto é que nunca foi titular nos amistosos de preparação. Era prá ficar no grupo, como exemplo e inspiração e, de vez em quando, entrar no segundo tempo para preocupar as adversárias;
- Por isto entendo que o maior erro da técnica sueca Pia Sundhage foi colocar Marta desde o início contra a Jamaica. Foi um sinal claro de desespero e falta de confiança no grupo, preferindo acreditar que Marta resolveria tudo sozinha. Só que ela não é mais a mesma e a qualidade das marcadoras melhorou muito. O efeito colateral foi que as jogadoras se sentiram intimidadas e o time não rendeu em conjunto. Uma decisão catastrófica, que complicou um jogo que não seria muito difícil.
- Fechando; acho muito covarde a atitude de comentaristas que agora querem crucificar todo mundo por uma suposta “amarelada”. Não, estas bravas meninas não merecem nada além de carinho e aplausos. Não foram elas que criaram o “Gran Circus Seleção da Lacração”. Na verdade, elas foram vítimas disto tudo. O negócio delas é jogar bola (e muito bem, diga-se). Tenho certeza de que ainda vão nos dar muitas alegrias dentro do campo. E Marta é e será a Rainha eternamente. Deixemos a lacração prá quem não tem capacidade para fazer nada melhor do que isto. Parafraseando o inesquecível Ibrahim Sued, os cães (da lacração) ladram e a caravana (do futebol) passa.
Que venha Paris-2024.
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