A letra do hino “Blessed be the fountain” foi composta pelo americano Eden Reeder Latta e musicada por Henry Southwick Perkins no final do século dezenove. Latta, um presbiteriano, compôs mais de mil e seiscentos hinos ao longo da sua vida.
Por aqui, ela foi adaptada por Henry Maxwell Wright e publicada em português em 1914. Temos hoje duas versões: “Bendito Cordeiro”, o hino de número 123 do Cantor Cristão, e o hino 39 da Harpa Cristã, conhecido como “Alvo mais que a neve”.
Usaremos aqui a versão do Cantor Cristão. Mas ambas as versões são essencialmente a mesma música.
Vale comentar que esta é uma versão, e não uma tradução, pois há uma adaptação da linguagem e mensagem aqui para caber na métrica do português, a começar pelo próprio título. Em inglês, “blessed be the fountain” (fountain significa fonte) é uma referência a Zacarias 13:1, que diz:
Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os moradores de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza.
Em ambas as versões em português, não houve a menção da fonte, somente do Cordeiro por meio de quem somos purificados. Aliás, todo o hino gira do tema da purificação do pecado, como veremos a seguir. Vamos à letra.
Seja bendito o Cordeiro que na cruz por nós padeceu
Seja bendito o Seu sangue que por nós pecadores verteu
Eis, nesse sangue lavados com roupas tão alvas são
Os pecadores remidos que perante teu Deus hoje estão
Nas primeiras estrofes, temos uma apresentação da propiciação que temos em Jesus Cristo. O propiciatório era o lugar onde o sangue do sacrifício era oferecido a Deus como pagamento pelo pecado. E conforme diz em Romanos 3:24,25, Deus ofereceu seu filho como propiciação por nós, no seu sangue. Portanto, temos já na abertura do hino uma riquíssima teologia a respeito do sacrifício de Cristo por nós. É por meio do seu sangue vertido por nós pecadores que somos purificados e remidos perante Deus.
Há também a menção das roupas alvas, ou vestes brancas. Isso nos remete a Apocalipse 7:13,14, que diz:
— Quem são e de onde vieram estes que estão vestidos de branco? (…)
Então ele me disse: — Estes são os que vêm da grande tribulação, que lavaram suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro.
Assim como no texto bíblico, a música mostra o sangue que lava ou alveja o pecador.
Em seguida, o refrão traz essa imagem com maior ênfase.
Alvo mais que a neve
Alvo mais que a neve
Sim, nesse sangue lavado
Mais alvo que a neve serei
O sangue de Cristo está indissoluvelmente ligado à pureza, e a Bíblia ilustra isso com a imagem das vestes brancas, de ser mais alvo que a neve. Inclusive, são justamente essas palavras que Davi usa no Salmo 51, na confissão do seu pecado e o subsequente arrependimento: “Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me e ficarei mais alvo que a neve” (v.7). Vemos, novamente, essa mesma frase usada em Isaías 1:18: “Ainda que os pecados de vocês sejam como o escarlate, eles se tornarão brancos como a neve”.
Quão espinhosa coroa que Jesus por nós suportou
Oh, quão profundas as chagas que nos provam o quanto Ele amou
Eis nessas chagas, pureza para o mais torpe pecador
Pois que mais alvo que a neve o Seu sangue nos torna, Senhor
Na segunda estrofe, o autor detalha o sacrifício de Cristo na cruz, citado lá no começo. Se na primeira estrofe enfatizou o sangue, aqui ele enfatiza as chagas, as feridas. Isaías 53:5 diz: “… ele foi traspassado… esmagado… o castigo estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados”. E na linha final da estrofe, ele retoma a pureza no sangue de Cristo.
Se nós a Ti confessarmos e seguirmos na Tua luz
Tu não somente perdoas purificas também, ó Jesus
Sim, e de todo pecado que maravilha desse amor
Pois que mais alvos que a neve o Teu sangue nos torna, Senhor
Aqui temos a aplicação do sermão, por assim dizer. Se nas primeiras duas estrofes e refrão o autor falou o que Jesus fez por nós, aqui ele faz o apelo, nos diz qual deve ser a nossa resposta. Como diz em 1 João 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. Novamente vemos na Palavra de Deus como o perdão anda de mãos dadas com a purificação.
Não é à toa que nas Assembleias de Deus, esta é a música oficial da Ceia do Senhor. Eden Latta dizia que canções bem escritas se tornam maravilhosos sermões, e isto é algo que ele mesmo exemplificou brilhantemente neste hino antigo. É uma exposição da propiciação, do sacrifício de Cristo na cruz, da nossa purificação e perdão pleno perante Deus. É uma música que apresenta doutrinas profundamente bíblicas utilizando as imagens e linguagem da própria Palavra, que é inspirada pelo Espírito Santo e inerrante.
Este hino é maravilhoso! São raras as canções que conseguem apresentar verdades bíblicas profundas de maneira tão concisa e clara. É uma celebração do perdão dos nossos pecados e da salvação que temos em Cristo.
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