Poucas coisas endurecem a alma, mortificam o coração, fecham os ouvidos e esfriam as afeições quanto isso. É uma das maiores armas de nosso adversário, embora poucas pessoas reconheçam. Poderíamos esperar que um inimigo assim seria óbvio, mas muitas vezes ele opera sutilmente nas sombras da mente e nas ruminações privadas do coração. Ainda há o risco ainda mais mortal de fingir santidade quando estamos encorajando o orgulho com a falsa impressão de que somos mais santos que outros devido ao nosso maior “discernimento”. Assumir o cargo de crítico do culto enfraquece e mata muitos adoradores em potencial nas igrejas, todos os Domingos.
Sendo bem honesto, poucos de nós entram na igreja com essa motivação consciente. Quão tolo seria acordarmos cedo no Domingo para ser o crítico de plantão. Mas assim que escolhemos nosso lugar no banco da igreja, nosso foco e motivação se escondem diante da voz que grita internamente “eles não estão fazendo isso certo!”, “eles não estão fazendo direito!” ou “eles não estão fazendo como eu faria”. E no meio disso tudo, deixamos de ser adoradores e passamos a ser os críticos.
Sem dúvidas, o cristão é chamado a ter discernimento na adoração. Muito do que se passa por adoração em nossos dias não deveria receber nossa aprovação. Paulo não tem problemas em identificar as práticas erradas da adoração da igreja de Corinto (1 Coríntios 11-14), Jesus é claro sobre o que é certo e errado na adoração (João 4) e a seriedade de Deus a respeito da maneira e dos meios pelos quais adoramos não poderia ser maior (Levítico 10). Entretanto, há uma tentação de se passar mais tempo na igreja avaliando do que confessando, julgando do que regozijando, criticando do que louvando e desafiando do que recebendo, quando há poucas razões para isso.
Essa armadilha é enorme e o nosso adversário se satisfaz com os resultados. O cristão deixa a igreja com a consciência satisfeita. Ele descansa por ter cumprido seu “dever semanal”, mas pouquíssima adoração foi praticada ou experimentada. Ao invés de se encontrar com Deus, ele fez o papel do cínico. Ao invés de ouvir a voz de Deus, ouviu as frágeis palavras do pregador. Ao invés de uma mente estimulada pela verdade, uma mente refestelada no criticismo. Ao invés de um coração movido por alegria, um coração endurecido pelo julgamento. Se eu ou você saímos da igreja após o culto e nossos principais pensamentos ou conversas consistem de preocupações, críticas e avaliações, é provável que tenhamos nos tornado um crítico, não um adorador.
Como lutarmos contra essa tendência? Primeiro, devemos lembrar a nós mesmos do grande privilégio da adoração comunitária. Meus amigos, estamos nos encontrando com o Deus Triúno do Universo. O Senhor da Glória está falando conosco, a graça de Cristo está sendo estendida a nós e estamos experimentando um pouco do que iremos ter para toda a eternidade. Nada na igreja é mais significante, monumental e notável do que a realidade de que Deus decide se encontrar conosco por Sua Palavra e Espírito semanalmente. A adoração comunitária é o ponto alto da semana do cristão. Qualquer coisa que diminua isso é um inimigo.
Em segundo lugar, a intencionalidade ajuda muito a lutar contra a avaliação crítica desnecessária. Comece no Sábado a noite, separando um tempo de oração e leitura da Bíblia para amolecer seu coração para o santo encontro do dia seguinte. No Domingo, acorde cedo o suficiente para encontrar com o Senhor, de forma a ter seu coração movido pela afeição por Ele antes mesmo de entrar no prédio do culto. Ao escolher seu lugar e se sentar, lembre-se que, acima de tudo, a adoração é um encontro entre Deus e o Seu povo. Você não está aqui para ser o juiz ou questionar a motivação dos outros. Você se deslocou até esse lugar, nessa hora, para se encontrar com o Deus Vivo e Verdadeiro do céu e da terra. Que deleite! Conforme a música começa, mesmo se não for da sua preferência, busque meditar nas palavras que você está cantando. Deixe que suas afeições sejam estimuladas conforme você pensa e medita sobre Ele. Quando as orações forem feitas, busque manter seus pensamentos nEle. Diga “amém” algumas vezes na sua mente quando concordar com as palavras que estão sendo ditas na oração comunitária. Enquanto o sermão é pregado, peça a Ele que exponha seu coração, remova o pecado onde ele for encontrado e te dê conforto onde for necessário. Quando estiver voltando para casa depois, converse sobre como o culto ou o sermão te impactaram. Limite as críticas e foque na discussão de como a Palavra pregada, cantada, lida, confessada e orada naquele dia moldou e enriqueceu o seu próprio entendimento da vida com Cristo. E ao longo da semana, medite nessa Palavra e se atente a como o Senhor está te conformando mais e mais à imagem de Cristo.
O criticismo pode prejudicar e ferir o adorador. Devemos todos buscar mantê-lo dentro dos limites saudáveis. Talvez seja o caso de você frequentar uma igreja onde a Palavra não é pregada, os Sacramentos não são administrados corretamente e não há, de fato, adoração. Se esse é o caso, é hora de partir. Entretanto, se você é parte de uma igreja onde a Palavra é pregada, os Sacramentos são administrados corretamente e a adoração está presente, então se deleite em adorá-Lo. Você está se encontrando com o Deus Soberano do Universo, não deixe que o nosso adversário te tente a fazer algo menor que isso. O crítico de culto se coloca como juiz acima de tudo e de todos, mas o adorador fiel se ajoelha unido aos seus irmãos e irmãs humildemente perante o Rei.
Artigo publicado originalmente em The Gospel Coalition. Traduzido com permissão.
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