Cezinha de Madureira diz que diálogo com Lula não é traição a Bolsonaro

O deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP), um dos principais nomes da bancada evangélica no Congresso e aliado do presidente Bolsonaro (PL), já foi procurado por emissários do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O parlamentar, que também é pastor da AD Brás e foi reeleito no último pleito, afirmou estar disposto a trabalhar pautas em comum com o novo governo.

Representante do bispo Samuel Ferreira, Cezinha diz que o interesse em sentar à mesa com os petistas não significa incoerência nem traição a Bolsonaro.

Para o deputado, o fogo-amigo partiu de outra parte da base de Bolsonaro, às vésperas do segundo turno. O pastor responsabiliza especialmente a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

“Traição foi a punhalada que o presidente recebeu nas costas com a deputada correndo na rua com arma na mão, talvez por um deslize mental. Cuidar do povo não é traição”, disse ele em entrevista ao Estadão.

Cezinha também acredita que a atitude de Zambelli e os tiros que o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) disparou em policiais federais contribuíram bastante para a derrota de Bolsonaro.

“A Zambelli cometeu a pior bobeira, é gente despreparada. Nossa eleição estava ganha. Para o Tarcísio, nossa previsão era de 16 milhões de votos. Eu digo que Lula não ganhou, nós que perdemos”, afirmou.

Na última segunda-feira (31 de outubro), um dia antes do primeiro pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro após a derrota, Cezinha se reuniu com o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP). Ambos manifestaram interesse em manter relação republicana com o novo governo.

Ele destacou que os evangélicos têm interesse em pautas econômicas: “Bolsonaro terá nosso respeito, admiração e lealdade. Mas não significa que vamos votar contra o aumento de salário, contra o combate à fome”, declarou. “Com o crescimento da bancada evangélica, óbvio que nenhuma pauta aberrante vai passar, como liberação de drogas e aborto. Mas estamos dispostos a trabalhar para pautas que ajudem o Brasil. Vamos conversar sobre o que for importante para o País.”

Apesar da sinalização do rival, Lula não deve contar com o apoio oficial da bancada evangélica. O presidente da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso, Sóstenes Cavalcante (PL), já anunciou oposição ao petista.

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