Era o início da tarde de sábado, 29 de janeiro de 2005. No suntuoso prédio sede da Igreja Pentecostal Deus é Amor, apenas alguns poucos funcionários trabalhavam, fazendo a segurança da Sede Mundial, que comportava cerca de 6 mil pessoas.
No térreo, um funcionário que ficava na porta do prédio, de nome fictício “José Maria”, cumpria mais um turno de trabalho, como sempre fazia.
Exatamente às 14h57, Jarizete, que à época era diretora financeira Mundial da IPDA, passou pela recepção do prédio e subiu no elevador em direção ao quinto andar, onde ficava sua sala. Ela andava sobrecarregada na época, e nos meses anteriores, criou o hábito de passar na igreja aos sábados para trabalhar.
Dona de um inegável instinto de liderança, Jarizete, à época com pouco mais de 40 anos, já havia trabalhado na indústria como executiva e estava acostumada a lidar com funcionários. Na igreja, porém, ela atuava com mão de ferro. Era temida pelos obreiros e mantinha tudo em ordem, resolvendo os problemas antes mesmo do presidente precisar se preocupar.
Há quem diga que, nessa época, Jarizete era tão influente na igreja, que ocupava o lugar, do ponto de vista hierárquico, que deveria ser ocupado pela esposa do saudoso missionário, a irmã Ereni Miranda.
Mas, naquela tarde, quando passou pela recepção e seguiu em direção ao seu andar, Jarizete não sabia que aquele dia mudaria completamente o seu futuro na IPDA e representaria uma mancha negativa na biografia da família Miranda.
Poucos instantes depois de Jarizete chegar na igreja, Davi Miranda Filho estacionou seu carro no estacionamento comum da igreja. Ele estava acompanhado de sua mãe, a irmã Ereni. Apressados, se dirigiram ao porteiro do prédio e questionaram quem estava na igreja. “Só a Jarizete”, respondeu o funcionário.
Ereni, então, deu ordens para que, no momento em que o missionário Davi Miranda chegasse no prédio, ela fosse acionada. Já Davi Filho deixou o telefone com o porteiro e entrou no prédio.
A essa altura, outra coisa que também já corria à boca miúda, era que o casamento de Ereni com Davi Miranda não estava bem. Somando a suposta crise no casamento com os boatos de que Davi Miranda e Jarizete estavam sempre muito próximos, já dava para se ter uma noção do que estava por vir.
Por volta das 15h51, Davi Miranda chega no prédio, e o porteiro comunica a Ereni, que o missionário se dirigiu para o sexto andar, onde ficava a sala do presidente e a mesa de reuniões da diretoria, como é até hoje.
Instantes depois de Miranda chegar, o elevador sobe do quinto para o sexto andar, o que todos entendem ser Jarizete subindo até a sala do chefe.
Nesse momento, Davi Filho aciona alguns funcionários da igreja e pede que subam para testemunhar uma situação. E quando eles chegam, o barraco está armado.
Uma fonte contou ao Fuxico Gospel que Davi Miranda Filho e sua mãe, a irmã Ereni Miranda, batiam em Jarizete e gritavam com ela e o missionário. Davi Filho teria dado vários socos e empurrões em Jarizete. Ereni teria tirado a sandália para bater na diretora, e a mulher teria ficado cheia de hematomas.
O motivo do barraco tem diversas versões, mas a que mais se consolidou entre a diretoria, foi a de que a mãe e o filho teriam flagrado Jarizete sentada no colo de Davi Miranda.
Há outras versões mais picantes, que apontam para algo mais grave, mas essa versão, assim como a perícia do áudio de Léia Miranda, não foi confirmada e nem negada.
A partir dessa situação, Ereni e Davi Filho passaram a acionar outros membros da família e da diretoria. Em poucos instantes, chegaram Debora e Léia com o seu então marido, o pastor Sérgio Sora.
Ao saber do que teria acontecido – quero acreditar que foi apenas Jarizete sentada no colo –, Léia teria exigido que seu pai renunciasse a presidência da IPDA.
Conforme as horas avançavam, continuava também a pressão sobre Jarizete, que já humilhada e agredida, não podia sair, e apenas chorava.
Quando caiu a noite, toda a diretoria e membros da família Miranda estavam na Sede Mundial, divididos sobre a renúncia ou não do seu líder supremo. Léia e Sora, no entanto, eram os mais fervorosos em exigir a renúncia do missionário.
Como Davi Miranda não concordava em renunciar e ameaçava deixar o prédio, Léia Miranda e Sérgio Sora, teriam mantido Miranda em cárcere privado, conforme ocorrência registrada pela Polícia Militar, que às 22 hrs, precisou ser acionada pelo advogado do missionário.
Segundo a versão de Davi Miranda, Sora teria “ameaçado a vida do missionário com violência, querendo agredi-lo, feri-lo, atacá-lo de qualquer jeito”.
Mais tarde, Sora teria dito aos membros da igreja que o missionário, naquele momento, estaria agredindo Ereni. Ele contou que teria ido com Léia para apaziguar a situação.
Não foi feito boletim de ocorrência, e as partes alegaram ter “entrado em entendimento” quando os soldados chegaram, segundo a PM.
Ninguém soube informar como Jarizete saiu do prédio, ou se, em algum momento da confusão, o missionário a defendeu.
No dia 1 de fevereiro, aconteceu uma reunião extraordinária, e a diretoria decidiu pela expulsão do genro e da filha de Miranda dos quadros da Deus é Amor.
Jarizete foi removida da diretoria, mas segue frequentando a igreja até hoje, sem qualquer função ou pedido de desculpas por eventuais excessos.
O que dizem os citados?
O Fuxico Gopel entrou em contato com Davi Miranda Filho, que disse não ter interesse em conversar com nossa equipe.
Sérgio Sora negou que tenha participado do episódio envolvendo Jarizete.
Léia Miranda não respondeu nossas mensagens.
Jarizete não foi localizada.
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