Poesia

meio-exílio iii
(lembranças desconexas)

quando sair desse mundo, peço:
estourem um champagne
aqueles que me detestavam.

pelo menos, em minha honra, façam isso.

porque alguma coisa eu tenho que ter provocado em alguém.

do meu meio-exílio eu vejo um pedido,
para que torne à casa.

e meu corpo se encharca no nojo,
meu e de tudo aquilo que me cerca.

tenho medo de perder-te,
de me perder
e não retornar a ser o que era.

mas o pior
é que já não quero mesmo ser o que era antes.

quero ser mais do que isso.

quero estar entre os vencedores,
embora não esteja com forças para pensar nisso.

preciso concentrar-me no foco,
no foco do hoje, do agora,
e construir, passo a passo, a minha vitória.

mas pode ter certeza:
aqueles que me detestam
estão prontos para estourar o champagne,
doce e forte,
do meu fracasso.

pena que só verão meu fracasso definitivo morto,
pois só desse jeito abandonarei a luta.

estou cansado, fraco, ofegante,
paralisado,
mas o amor é meu combustível.

mais que o ódio, que me serve de aditivo da alma.

por isso, repito:
quando sair desse mundo, que aqueles que me detestam
estourem um champagne.

ao menos tenham a honra de dizer que não gostavam de mim.

fps, 24/06/11

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