Poesia, bem antiga ...

O soldado

 

Compulsão e choro e estafa cansaço e sono.

Dureza da vida que pulsa com um novo dono.

Algo que nos traz fogo brando, de tal desamor.

Cauteriza a faca e afunda num ser ditador.

 

As ordens que me são mandadas eu faço eu cumpro.

Aquilo que me pedem digo procuro executo.

O que não sei peço que expliquem a mim com certeza.

Não valeu a tal longa espera por uma grandeza.

 

Me falta coragem e sobra cansaço no corpo.

Não tenho vivência de dor como a que agora eu sinto.

Não posso dizer que me iludo com tudo o que vejo.

Não posso porque já não vejo e p´ra mim é qu´eu minto.

 

Eu minto para minha vida achando que o belo

Se esconde por trás das pessoas que vejo e me calo.

Se esconde por trás dos bons sentimentos que carrego.

Se acalma e só então é que eu me sinto, me viro e então falo.

 

Eu quero sentir essa brisa perto do meu rosto.

Eu quero viver a emoção de ser melhor querido.

Eu quero sentir a bondade na vida que espero.

Eu quero com toda certeza ter mais de um amigo.

 

Eu seco espero a hora e o dia que vem

Onde eu certamente possa ser mais que um joão-ninguém.

Eu vejo na vida essa vida que espera e flutua

De um homem que desce, que corre, que ama, que sua.

 

Eu quero estar vivo para ver o tempo passar.

E só nessa hora verei coração sossegar.

 

Pois é na certeza de ter esse grande caminho

Que eu me levanto e posso então andar sozinho.

 

Final da história sentindo coração pulsar

O mundo está salvo - e eu posso então descansar.

 

Feliz é o homem que agora então pode me ouvir

E ver as verdades que a vida me fez bem sentir.

 

Espero o dia que chega, e o dia que vai

Para acabar com o sofrimento que em mim sempre cai.

 

Pois esta é a grande virtude no final da guerra:

poder assim, firme, encontrar ...

 

 

 

 

... a tal paz, bem sincera.

 

 

 

FPS, 18/10/1996, 13:24

Comentários