Martin Lutero disse: “Todos que clamam a Deus com verdadeira fé, com sinceridade de coração, certamente serão ouvidos e receberão aquilo que pediram e desejaram.”
Em primeira instância, essa frase apresenta um dilema. A Bíblia fala claramente que o coração do homem é enganoso, e Lutero sabia bem disso. Como assim receberemos tudo que pedimos e desejamos? Essa fórmula – por assim dizer – só funciona mediante a primeira parte da frase: verdadeira fé. E sabemos que a fé é dom de Deus (Ef 2:8). Logo, se pedimos por meio de uma fé que é dada por Deus, nossos pedidos e desejos são alinhados com os planos e propósitos dEle.
A música que analisaremos hoje trata de desejos. Um sonho nada mais é do que a manifestação imaginária de um desejo do coração. Não quero me ater ao termo “sonho de Deus” uma vez que a Bíblia não usa essa linguagem. Deus não tem desejos imaginários. Ele tem planos e decretos que não serão frustrados (Jó 42:2; Is 14:26,27).
Sonhar é próprio do ser humano, não de Deus. Mesmo que a Bíblia use antropomorfismos (ou seja, atribuir a Deus características humanas como em Gn 6:6 que diz que Ele se arrependeu), ela nunca descreve a vontade e desejo de Deus como sonhos. Logo, dizer que Deus sonha é errado.
Mas, como dissemos, a ideia não é reduzir toda a análise da música a este ponto. Então, leremos “sonhos de Deus” como os planos e vontades de Deus. Vamos à letra.
Não desista, não pare de crer
Os sonhos de Deus jamais vão morrer
Não desista, não pare de lutar
Não pare de adorar
Como já constatamos acima, os planos de Deus não podem ser frustrados, nem impedidos. É com fé neste fato, na onipotência de Deus, que temos esperança para seguir na caminhada, certos de que Ele nos sustentará e que tudo coopera para o bem daqueles que o amam, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Rm 8:28). Por que não dizer, segundo o seu plano?
Levanta teus olhos e vê
Deus está restaurando os teus sonhos
E a tua visão
Nessa estrofe, voltamos ao “dilema” de Lutero. Podemos afirmar que Deus restaura nossos sonhos, desejos e planos? Somente se eles estiverem alinhados com os planos dEle. A música, porém, não parece estabelecer essa relação entre a fé verdadeira com os desejos do nosso coração. Infelizmente, ela acaba soando triunfalista colocando os nossos sonhos como o alvo de Deus.
Se tentaram matar os teus sonhos, sufocando o teu coração
Se lançaram você numa cova e, ferido, perdeu a visão
Novamente, o meu sonho, o meu coração, a minha visão: a ênfase da música está claramente no homem, e não na vontade de Deus. Até aqui, os sonhos de Deus servem apenas para sustentar os nossos – sem a devida ressalva que fizemos anteriormente.
Recebe a cura, recebe a unção
Unção de ousadia
Unção de conquista
Unção de multiplicação
Essa estrofe é bem complicada. No Antigo Testamento, a unção tinha uma função específica sobre aqueles que foram escolhidos por Deus para um dado ofício, como reis e sacerdotes. Já no Novo Testamento, o termo só aparece duas vezes, em 1 João 2, e fala sobre os cristãos que são ungidos com o Espírito Santo para conhecer a Verdade.
Além disso, não vemos na Bíblia unção de ousadia, conquista ou multiplicação. Se formos pensar em termos de 1 João 2, todo cristão é chamado para corajosamente compartilhar a Verdade do Evangelho. Então, eu consigo compreender ousadia e multiplicação, mas não sei como conquista se encaixa nesse contexto.
Quando juntamos todas as partes da música, a mensagem final é triunfalista e antropocêntrica. O foco da mensagem é na exaltação do homem, e não nos atributos de Deus. Ela implementa uma série de conceitos e frases que não tem base bíblica, desde os sonhos de Deus até as unções sobre nós. Por fim, esta música não aponta para uma submissão do nosso coração à vontade de Deus.
Por essas razões, não recomendamos essa música para o culto cristão.
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