Era uma terça-feira o 30 de abril de 1991. Em Zwickau, cidade que havia sido da antiga Alemanha Oriental (DDR na sigla em alemão) e agora num país reunificado, saía da planta de Mosel o último Trabant.
Símbolo da antiga república do extinto Pacto de Varsóvia, o “trabi”, como é popularmente conhecido na Alemanha, deixava para trás décadas de atraso tecnológico e ecológico.
Simpático, o Trabant foi o carro popular daquela declarada república democrática, onde os veículos particulares eram raros nas ruas vazias. Fruto da VEB Sachsenring Automobilwerke, o diminuto sedã era acompanhado de uma perua duas portas.
Extremamente simples, o Trabant não era um sucesso de vendas, mas tinha enormes filas de espera de fazer inveja aos carros novos da Tesla, com um cidadão esperando em média 10 anos para ter um exemplar nas mãos.
Veículo particular não era de fato a prioridade naquele regime, mas ainda assim, o Trabant teve 2,8 milhões de unidades produzidas.
Num processo fabril arcaico, onde a carroceria de plástico usava resina não reciclável oriunda dos restos da indústria soviética, o carrinho alemão estava longe de qualquer coisa ecológica.
Quando o muro cai e “Another Brick In The Wall” foi cantada por milhões de alemães, o Trabant era visto como algo surreal por um lado ocidental altamente industrial e automotivo.
Símbolo da queda do leste socialista, o carrinho também foi o instrumento usado por milhares de alemães orientais num êxodo que partiu de várias regiões do leste através da Hungria e Tchecoslováquia em direção à Alemanha Ocidental.
Com seu motorzinho de 2 tempos com 2 cilindros, além do tanque frontal sobre o motor (combustível ia por gravidade), o Trabant viu os primeiros dias da Alemanha reunificada, mas também os seus derradeiros.
Depois de 1989, ele passou a usar um motor EA111 1.1 de 45 cavalos da Volkswagen no lugar do vetusto propulsor. E assim ele foi até aquela terça-feira, quando sua linah de produção histórica foi desativada.
A VW comprou a planta e a modernizou para fazer Golf e Passat. Hoje, 30 anos depois, saem de Zwickau apenas os elétricos ID.3 e ID.4, num contraste enorme com o local que há três décadas aposentou um dos carros mais atrasados da história, porém, de enorme simbolismo.
Confira abaixo o interessante vídeo comparativo de época (em alemão) da produção do Trabant e da Volkswagen.
Trabant – Galeria de fotos
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